A voz dos/as alunos/as e as suas práticas e experiências democráticas de participação na decisão escolar têm sido recorrentemente referenciadas nos discursos políticos e estudos nacionais e internacionais, salientando-se desde logo a preocupação em escutar os/as alunos/as nas escolas e que nos levou a perguntar como estas práticas poderão ou não promover o bem-estar discente? Esta preocupação na relação entre a auscultação dos/as alunos/as e a compreensão da influência no seu bem-estar faz-nos esclarecer a conceção de bem-estar e a articulação ou não com as experiências de participação e decisão democrática dos/as alunos/as.

Para este entendimento convocam-se, por um lado, perspetivas teóricas, numa dimensão social (Carvalho & Pinto, 2011), multidimensional e emancipatória (Silva, 2013), atendendo aos direitos, diferenças, diversidade, poder individual e coletivo, reconhecimento e autonomia, isto é, “um bem-estar que se quer justo, e não, ajustado.” (Silva, 2013, p. 7), que se pensa possível através do exercício de uma autonomia credível (Ferreira, 2007, 2012) e de uma cidadania democrática nas escolas (Silva & Leite, 2014; Menezes & Ferreira, 2014); e, por outro lado, metodológicas, quer numa lógica quantitativa, através de um inquérito por questionário a todos/as os/as alunos/as do ensino secundário; quer qualitativa, a partir de estudo de casos, sobre projetos de iniciativa discente e pesquisa em políticas educativas e estudos científicos (inter)nacionais.

Do que antecede e conforme o estudo exploratório em desenvolvimento (Programa Doutoral em Ciências da Educação), percebem-se contextos onde se faz sentir um mal-estar discente (Baptista & Alves, 2017), mas surgindo também outras oportunidades para a criação de novas estruturas para a decisão discente, implicando a participação, ação e convicção dos/as alunos/as, promovendo, desta forma, o seu bem-estar, a partir de A New Social Contract for Education (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, 2021) reimaginando-se um trabalho conjunto, para desenvolver conhecimento e inovação na escola.