Marco conceitual. O bullying é um problema que afeta a saúde e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. O fenômeno é compreendido como um tipo de interação baseada no desequilíbrio de poder, que ocorre de forma repetitiva e intencional. A literatura científica já documentou fatores de risco e de proteção relacionados às famílias. Objetivo. Objetivou-se descrever aspectos das interações familiares de estudantes brasileiros identificados como agressores em situações de bullying. Método. Estudo de natureza mista que contou com a participação de 2.354 estudantes de 11 escolas públicas brasileiras. Desse total, 175 estudantes do sexo masculino foram identificados como agressores e são objeto de análise nesse trabalho. A coleta de dados ocorreu por meio da aplicação coletiva de uma escala para diagnóstico de envolvimento em situações de bullying e uma escala para rastrear as percepções sobre a qualidade das interações familiares. Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas com seis meninos. Os dados foram analisados de forma descritiva e por meio da análise temática. Resultados. A maioria dos adolescentes (60%) declarou morar com duas figuras parentais. As famílias dos estudantes foram consideradas com bons índices de envolvimento, regras e monitoria, clima conjugal e modelo. O sentimento em relação às famílias foi avaliado como positivo por 89% dos participantes. Contudo, foi significativo o número de estudantes que declaram problemas de comunicação e punição física sofrida. Na análise dos dados qualitativos, foram construídos três temas: vínculo familiar – dados sobre vivências na família; convivência –qualidade dos vínculos e dos relacionamentos interpessoais; contradições –afirmações ambíguas. Conclusão. Verificou-se que maior satisfação familiar não diminuiu a propensão à perpetração do bullying. Ao mesmo tempo, problemas de comunicação e ser disciplinado por meio de punições são fatores que devem ser explorados como potenciais para aumentar a prática do bullying